Estão abertas as hostilidades. O Presidente República fez tudo ao contrário do que escrevi aqui. Ainda bem. Em tempos turvos é preferível a clareza. Abriu uma guerra nunca vista (desde Eanes) entre um PR e um Governo. Nem Soares o fez com esta violência no Parlamento. A reacção de Francisco Assis é tão histórica quanto a dureza do discurso de Cavaco. A única consequência lógica destas palavras devia ser a demissão do Governo ou a dissolução da Assembleia. Nem na campanha eleitoral Cavaco foi tão agressivo. Nem Passos Coelho vai muitas vezes tão longe. A moção de censura do Bloco amanhã é um péssimo momento. Este discurso abria caminho a uma moção de censura da direita que seria sempre apoiada pelo menos pelo PCP. Vai ter de aguardar.
Há frases arrasadoras. A incompetência: "Não podemos correr o risco de prosseguir políticas públicas baseadas no institnto ou do mero voluntarismo". O direito à indiganção (que ironia): "É necessário um sobressalto cívico". A desorientação do Governo: "É urgente encontrar soluções, retomar o caminho certo e preparar o futuro". A corrupção: "Emergiram sinais de uma cultura altamente nociva assente na criação de laços pouco transparentes de dependência com os poderes públcos"
José Sócrates é um cadáver adiado. Será que o PSD e o CDS vão repensar o voto de amanhã? (Claro que não, mas em virtude disso vai ser um debate giro)
"O Parágrafo" que o Bruno transcreve aqui em baixo é apenas a válvula de escape impossível. Sócrates nem se afasta nem é coligável. É uma questão de tempo... eu diria que pouco.
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