Sábado, 21 de Novembro de 2009

Retratos da América - 3

Foto: VM
Estava no Michigan, quando soube que Sarah Palin ia dar um comício em Troy, no Ohio. No mapa pareceia perto. Era só atravessar o estado do Indiana. Digitei a morada no GPS: seis horas de estrada. Porreiro, pá. É como de Lisboa a Madrid, nada de especial. Deitei-me às nove da noite e fiz-me à estrada à uma da madrugada...


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Conduzi a noite toda, a ouvir blues na rádio por satélite. Cheguei a Troy pelas sete da manhã. O frio manteve-me acordado. O povo fazia fila apanhando geada à porta do pavilhão de hóquei no gelo, vedado pelo Serviço Secreto. Palin havia de chegar ao meio dia.
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Enquanto Palin não chegava, havia uma sósia de Palin a dar entrevistas a todas as televisões regionais. Uma mulher viu-me fotografar e achou que devia avisar-me, pobre estangeiro: "Olhe que esta não é a verdadeira Sarah..."

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Sarah Palin lançou ontem o seu livro Going Rogue, onde ataca o staff de John McCain. Uma espécie de vingança ou ajuste de contas, a preparar as primárias do GOP em 2012.
Os conselheiros republicanos criticaram a candidata a vice-presidente durante a própria campanha, através de fugas para a imprensa, por ela fugir à mensagem delineada - com gaffes e tiradas polémicas que acabavam por beneficiar Obama.

A verdadeira Sarah havia de chegar no meio de uma onda de comoção. Os políticos americanos são recebicos pelo povo como estrelas de rock. Em Troy, Palin discursou meia hora e passou uma hora a dar autógrafos, beijocando e falando com toda a gente sempre em pose de miss de liceu, cercada por agentes do Serviço Secreto. Só houve um interveniente com mais aplausos que a candidata: uma estrela de country, que tocou antes do discurso paliniano, e que gritou "I believe um Jesus Christ!"


Foto: VM
A outra estrela entre o povo republicano, era, claro, o First Dude do Alaska. A mulher apresentou-o assim, e desfiou-lhe o currículo de pescador, caçador e campeão de corridas de trenó. É o verdadeiro Amor no Alaska.
Fotos: VM
Estes dois amigos, republicanos até à medula, explicaram-me por que jamais votariam democrata. Primeiro, os democratas defendem o aborto e querem matar bebés; segundo, jamais votariam em quem lhes quisesse limitar o direito de possuir armas; terceiro, Obama é um socialista que quer transformar os Estados Unidos na União Soviética...

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Os comícios têm grande produção e aparato. Este ano as duas campanhas do PS - para as europeias e legislativas - não deviam nada ao aparato, conceito e organização dos comícios norte-americanos.

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Ir ao comício é como passar uma tarde no baseball ou no futebol. É um espectáculo para a família.

Foto: VM

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publicado por Vítor Matos às 16:13
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