Segunda-feira, 22 de Fevereiro de 2010
Há já uns tempos que me incomoda o facto de ter passado a ser moda não ficar calado quando se respeitam minutos de silêncio. Este fim-de-semana, por causa dos trágicos acontecimentos na Madeira, mais uma vez me deparei com tal estupidez...
Não sei se as pessoas se lembram, mas os momentos de silêncio - que normalmente têm a duração de 1 minuto no nosso país - deviam ser períodos de contemplação, memória, meditação e oração. Normalmente, baixavam-se as cabeças em sinal de humildade, tiravam-se os chapéus em sinal de respeito, tentava-se permanecer imóvel e calado.
Hoje em dia batem-se palmas, passam-se filmes com banda sonora a condizer, faz-se tudo menos silêncio. E porquê? Bom, a minha aposta principal é que as pessoas, para além de terem pânico do silêncio, não sabem rezar. E como não sabem rezar - nem sequer imaginam que se pode -, também não sabem o que fazer nestes momentos.
É triste, muito triste...
Quinta-feira, 5 de Novembro de 2009
Funcionários do Fisco e agentes da GNR são suspeitos de terem recebido presentes e compensações no âmbito das investigações do processo "Face Oculta".
O Ministério das Finanças reage e anuncia que vai tomar medidas para ajudar a apurar o que se terá passado e expurguar a máquina fiscal dos tumores malignos? O Ministério da Administração Interna fica preocupado e decide tomar as providências necessárias ao esclarecimento do que passa no interior daquela força de segurança?
Nada disso. Nas "casas" de Fernando Teixeira dos Santos e de Rui Pereira, está tudo tranquilo. Suspeitas de corrupção não parecem ser motivo para tomar medidas ou prestar contas.
Bem, talvez o silêncio seja preferível ao embaraço quase patético com que o novo ministro da Economia e Inovação, José Vieira da Silva, tentou explicar à SIC que o Governo estava atento e a acompanhar de perto os desenvolvimentos no "Face Oculta", enquanto José Penedos, arguido e presidente da REN, se mantém, impávido e sereno, no seu cargo.
Não deveria ser Vieira da Silva, enquanto representante do Estado, que é o maior accionista da empresa, o primeiro a exigir a Penedos a suspensão das suas funções até o seu alegado envolvimento na rede de tráfico de influências estar clarificado?