Quinta-feira, 3 de Fevereiro de 2011

A negação do jornalismo suave

Os cavaquistas mais empedernidos devem estar aborrecidos por se fazer jornalismo em Portugal, como mais uma vez prova o José António Cerejo, no Público. O silêncio é de ouro, deve continuar a pensar o professor Cavaco, arrependido de ter feito o comunicado de ontem, uma vez que as declarações têm destas coisas, uma coisa puxa a outra, e podem colidir com a realidade. O trabalho do Público de hoje contraria a teoria do "jornalismo suave" e ainda bem.
publicado por Vítor Matos às 15:13
link | comentar | favorito
Segunda-feira, 24 de Janeiro de 2011

Ligeiramente exagerados

id="BLOGGER_PHOTO_ID_5565733080763930258" />
Passaram mais de doze horas sobre o desfecho das eleições presidenciais.
Cavaco foi reeleito à primeira volta.
Constato que, apesar dessa feliz notícia, os juros da dívida ainda não começaram a descer.
Noto que, apesar dessa notícia funesta, ainda vivemos em democracia.
Concluo que os argumentos da campanha eleitoral talvez tenham sido ligeiramente exagerados.
publicado por Filipe Santos Costa às 12:41
link | comentar | ver comentários (2) | favorito
Sexta-feira, 21 de Janeiro de 2011

As encomendas e esta bela encomenda

Cavaco não diz nada, não responde a nada, não explica nada. Mas depois diz que as notícias são "encomendas". É engraçado, porque a perspectiva da maioria dos políticos (profissionais de todos os partidos) sobre o jornalismo é esta. As notícias que não lhes agradam são "encomendas". Não são informações que os jornalistas trabalham cumprindo o seu dever de escrutinar aqueles que ocupam os cargos públicos em nome de todos nós. O candidato-presidente ainda tem a lata de convidar os jornalistas a revelarem quem os anda a alimentar. Não só sacode a água do capote, como convida os jornalistas à delação das fontes, coisa que Belém devia considerar de má memória. Curiosamente, o  PS também acusou Cavaco de andar a promover "encomendas" há uns tempos e a fonte chegou a ser revelada - coisa que nunca devia ter acontecido - mas, como é óbvio, trata-se da conversa da treta habitual de quem atira ao mensageiro para esconder o que importa. Bela encomenda nos saiu...
publicado por Vítor Matos às 16:27
link | comentar | ver comentários (1) | favorito
Quarta-feira, 19 de Janeiro de 2011

O papel! Qual papel? Este! O do Cavaco. Ah, o papel!


Hélas! Cavaco não sabia do papel, mas o António José Vilela descobriu-o e a Sábado já o publicou no site.

A vivenda "Marani" foi permutada pelo terreno da "Gaivota Azul" e ambos os imóveis foram avaliados em 135 mil euros.

A imprensa que o candidato preferia suave fez o seu trabalho. Até ao momento, não consigo descortinar por que razão Cavaco escondeu esta informação. Mas espero que nos próximos dias alguém me explique se, do ponto de vista do negócio, permutar a casa a um preço aparentemente baixo trazia alguma vantagem ao ex-primeiro-ministro.

Só vejo aqui algum embaraço pelo facto de a transacção meter Fantasia e "amigos" do BPN ao barulho, gente pouco recomendável.
publicado por Vítor Matos às 15:28
link | comentar | favorito
Terça-feira, 18 de Janeiro de 2011

Fujam porque vem aí o fascismo

À falta de outros argumentos, em situações de aperto eleitoral e em desespero perante a perspectiva de uma derrota, a esquerda costuma lançar-se nas mãos de um estratagema pouco criativo mas, pelos vistos, irresistível.

Há uns anos, em eleições para a Câmara de Lisboa, por exemplo, João Soares e os seus companheiros de campanha alertaram o povo de Lisboa que uma vitória de Pedro Santana Lopes na corrida à presidência da edilidade representaria o regresso do fascismo. O povo de Lisboa não lhes ligou nenhuma, talvez porque não precisa que lhe acenem com papões para comer a sopa que bem lhe apetecer.

Agora, já se estranhava que Manuel Alegre e o albergue espanhol que o apoia, ainda não se tivessem lembrado de alertar que, com uma vitória de Cavaco Silva nas eleições presidenciais, é a própria democracia que está em perigo. Enfim, demorou mas lá acabou por acontecer.

Num estilo apoplético, Alegre declarou que esta é "uma luta de vida e de morte para a nossa democracia". Por outras palavras, se Cavaco vencer, fujam porque vem aí o fascismo. Pior: além da Presidência, a tenebrosa direita ainda vai ter uma maioria no Parlamento e o controlo do Governo, segundo as previsões do candidato Alegre que Sócrates não deve ter gostado de escutar.

Se o cenário é tão assustador quanto o poeta-candidato o pinta, talvez fosse mais avisado recolher a casa e questionar-se porque será que, dispondo de tanta superioridade moral e democracia para partilhar com o povo português, este, provavelmente, lhe vai mostrar ingratidão nas urnas.
publicado por João Cândido da Silva às 10:49
link | comentar | favorito
Quinta-feira, 13 de Janeiro de 2011

Cavaco não joga catennacio, percebam porquê

Amigos à esquerda e à direita têm estranhado o discurso e a atitude mais agressiva de Cavaco Silva na campanha eleitoral. Parece estranho, não é, um Presidente incumbente com uma vantagem do caraças nas sondagens, a correr riscos desnecessários, a baixar a máscara da pose, e a jogar ao ataque em vez de fazer catenaccio e deixar correr o jogo até a vitória lhe cair no colo. Acontece que as coisas não são bem assim, como mostra Pedro Magalhães do Margem de Erro, neste quadro que compara as sondagens e os resultados das presidenciais em 2001. Nunca fiando...
publicado por Vítor Matos às 20:27
link | comentar | favorito
Terça-feira, 11 de Janeiro de 2011

Cavaco e BPN: com a verdade me enganas

Na entrevista de hoje à RTP Cavaco Silva continuou sem clarificar a sua relação com o BPN. Do meu ponto de vista, neste momento o mais grave pode nem ser a compra das acções a €1 que estavam reservadas a Oliveira e Costa (a não ser que venha a perceber-se que essa venda foi estatutariamente ilegal). Do ponto de vista da avaliação política do candidato, o mais grave é:

a) Cavaco nunca ter dado explicações, contribuindo para a opacidade e para as dúvidas sobre o caso; é um erro político grave, mas é sobretudo um contributo para a falta de transparência em democracia;

b) remeter sempre para um comunicado manhoso, sem informação objectiva (nada diz sobre as acções da SLN), ao melhor estilo de "com a verdade me enganas", para iludir os jornais e a opinião pública;

c) remeter sempre para as declarações no Tribunal Constitucional, que nada explicam nem adiantam à informação avançada pelo Expresso em 2009;

d) sugerir na entrevista à RTP (como se fôssemos parvos), que o BPN comprou as acções da SLN sem lhe dar cavaco. Parece-me inverosímil que um gestor de conta lhe comprasse voluntariamente acções da SLN, uma sociedade fechada que detinha o próprio banco, e nada lhe dizer, sabendo-se a relação próxima que tinha com algumas figuras de proa. Mais um buraco nesta narrativa: é uma grande coincidência o gestor ter comprado os papelinhos de €1 da SLN ao pai, ao mesmo tempo que se lembrou de comprar para a filha. Foi em pacote familiar e sem avisar. Mas foi amigo.

Conclusão: com a informação que temos até ao momento, Cavaco nada fez de ilegal, talvez até tenha sido usado. Mas há leituras políticas que se podem fazer: numa eleição unipessoal coisas destas contam, porque a pessoa é a instituição; um PR não pode ser ingénuo ao ponto de se deixar usar por bandidos (ele já conhecia o perfil do Oliveira e Costa e não o evitou...); fez um mau julgamento, até porque nessa época já muita gente desconfiava do BPN, mas um PR não pode fazer muitos maus julgamentos (embora 140% de lucro não seja um julgamento tão mau...). Só uma estratégia de vitimização ou a arrogância de achar que ninguém lhe pode pedir explicações pode justificar esta atitude. Da maneira como o caso foi gerido, ficará sempre no ar que ele tinha algo a esconder.
publicado por Vítor Matos às 00:46
link | comentar | favorito
Segunda-feira, 20 de Dezembro de 2010

A lei da vergonha

id="BLOGGER_PHOTO_ID_5552790148224518882" />

A alteração à lei de financiamento político era uma vergonha para o Parlamento e os partidos que a aprovaram, PS e PSD. Passou a ser uma vergonha também para o Presidente da República, que promulgou uma lei cheia de alçapões, que torna o dinheiro dos partidos menos transparente, dificulta o seu controlo, amnistia más práticas e facilita o financiamento ilegal e a corrupção.

A admissão da vergonha está na mensagem que Cavaco enviou à AR, onde dá uma razão para a lei passar (uma poupança conjuntural e pífia), e reconhece duas razões de fundo por que devia ser vetada: 1) a lei “potencia o risco” de lavagem de dinheiro através dos partidos; 2) os partidos podem gastar mais, aproveitando a debilidade da lei. O PR reconhece a verdade, mas recusa-se a retirar a consequência. É a prova de que Cavaco continua integrado no sistema.

Comentário publicado no Expresso de 18-12-10
publicado por Filipe Santos Costa às 15:37
link | comentar | favorito
Segunda-feira, 21 de Junho de 2010

Cavaco fez bem

Cavaco Silva fez bem em não estar presente nas cerimónias fúnebres de José Saramago. Não só porque seria, de facto, uma atitude de hipocrisia, mas porque o Presidente da República não tinha que se sujeitar ao previsível papel de "bobo da festa" num evento que foi, também, transformado numa manifestação política, com bandeiras do PCP pelo meio e o velho "slogan" da "luta continua".

Era previsível que houvesse aquele aproveitamento, estando em causa a derradeira homenagem a uma pessoa que, além de escritor galardoado com o prémio Nobel da literatura, também teve uma militância política conhecida e assumida. Posto isto, Cavaco não tinha qualquer obrigação de comparecer, para além de lamentar a morte do ser humano e o desaparecimento de um escritor relevante nas letras portuguesas.
publicado por João Cândido da Silva às 15:58
link | comentar | ver comentários (1) | favorito
Segunda-feira, 14 de Junho de 2010

A insustentável leveza do discurso

O Paulo Gorjão aponta no Delito de Opinião a contradição de Cavaco com a história da situação "insustentável" do País e o apelo ao apaziguamento ideológico. Se a situação é insustentável, cabe também ao PR que a torne mais sustentável, pois tem poderes para ser mais que um notário do regime. O que faria o PR se a coisa evoluísse para lá do sustentável? Do Estatuto dos Açores ao casamento gay, Cavaco tem repetido declarações de impotência presidencial, seja por falta de poderes, seja por fraca força política. Agora, a impotência perante a insustentabilidade da situação acaba por dar alguma razão à direita que deseja outro inquilino em Belém.

Em todo o caso, não resisto a tirar do contexto esta frase tipo trompe l'oeil do discurso de Cavaco no 10 de Junho:

"Os Portugueses anseiam por limpar Portugal, aspiram a um País mais são, mais limpo, não querem viver numa atmosfera carregada e irrespirável (...)".
publicado por Vítor Matos às 19:46
link | comentar | favorito

autores

pesquisar

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

arquivos

subscrever feeds