Houve um tempo em que o CDS, então autointitulado "partido do contribuinte", se destacava por apresentar propostas concretas de defesa do contribuinte contra os abusos da máquina fiscal.
Na discussão do último Orçamento do Estado, esmagados pela evidência do napalm fiscal, os centristas ainda tentavam resgatar dos cacos a imagem de partido do contribuinte com umas medidas avulsas em defesa do dito contribuinte. Uma dessas medidas deve ter sido esta de multar quem não pede fatura.
O mesmo governo que bombardeia o contribuinte com taxas de confisco persegue o contribuinte com leis absurdas. Para defesa do contribuinte não está mal.
A miniremodelação deu finalmente à costa e tem como grande novidade o novo secretário de Estado do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes. É do CDS, como era a sua antecessora, Cecília Meireles. É uma das grandes promessas do CDS e uma das maiores apostas de Paulo Portas, como era a sua antecessora.
Mas o ponto interessante é que Mesquita Nunes era, a par de João Almeida, o deputado centrista mais incómodo para o Governo.
Not any more. Sabe muito, o dr. Portas...
Assunção Cristas foi à reunião do Conselho Nacional do CDS-PP na passada quinta-feira para, ao lado dos outros Ministros do partido, ouvir as mágoas, as queixas e os desabafos dos militantes. Entrou sorridente e saiu sorridente.
Dizem, no partido de Cristas, que a chegada de Assunção nunca é despercebida. Dizem, no partido de Cristas, que Assunção é arrebitada e diz o que pensa. Dizem, no partido de Cristas, que a Assunção tem usado umas mini-saias e saltos altos alegres que desassossegam muita gente. Dizem, no partido de Cristas, que a saída de cena de Assunção nunca é despercebida. E assim foi também na quinta-feira à noite.
À saída da reunião foi oferecido a Cristas um presente, que pretendia sensibilizá-la para a importância do consumo de produtos hortícolas nacionais. Dizem, no partido de Cristas, que Assunção aceitou a caixa das mãos do agricultor com um sorriso maroto. Dizem, no partido de Cristas, que Assunção observou que havia tomates na caixa (e alfaces, vá). Dizem, no partido de Cristas, que Assunção terá dito que nesta fase até lhe davam muito jeito. Dizem, no partido de Cristas, que Assunção corou.
Fotografia: Guarda-freio Ana Catarina Santos (Elevador da Bica)
Encontrei esta interessante foto na interessante página de Facebook de Paulo Portas (o interesse do FB de Portas tem a ver com o sigelo facto de, depois de ter chegado ao Governo, o líder do CDS não ter escrito - ou mandado escrever - uma única linha na rede social, ao contrário da grande produção dos dias em que andava em caça ao voto. As coisas são o que são. E, reconheça-se, assim, pelo menos, Portas poupa-nos a embaraçosos textos sobre estados de alma de pechisbeque, como o do "Pedro" ainda há poucos dias...)
Este é o momento em que Bagão Felix, há pouco mais de um ano, no último dia de campanha eleitoral, dava publicamente o seu apoio ao CDS e a Paulo Portas - e, não por acaso (nunca nada é por acaso), passava o testemunho a Pedro Mota Soares. Que a aparição de Bagão tenha sido programada para o último dia de campanha diz muito sobre a relevância que Portas dava a este acto - e o líder do CDS, de resto, nunca escondeu a altíssima conta em que tem (tinha?) a palavra do seu ex-ministro.
O mesmo Bagão Félix que veio agora explicar que as medidas anunciadas 6ª feira pelo Governo (e veremos que más notícias esta tarde nos reserva...) são exactamente aquilo que o CDS desta imagem contestava e prometia contrariar: confisco, "machadada final no regime previdencial", aberração económica, inexplicável asneira pura e simples.
Basta perder 10 minutos no mesmo Facebook de onde o dr. Portas se eclipsou para perceber que há muito CDS (até aquele que faz campanha e sabe de cor o hino da Dina) que assina por baixo a "machadada final" de Bagão Félix. Cheira-me que desta vez o CDS não se escapa pelo meio dos pingos da chuva...
E ontem Paulo Portas foi ao Parlamento falar sobre o Tratado Europeu, para júbilo do grupo parlamentar do CDS-PP. E hoje Paulo Portas regressou ao Parlamento para falar da Guiné Bissau. Eis alguns pormenores da bancada centrista, testemunhados pelos repórteres do Elevador da Bica.
Cartaz nas mãos de Nuno Magalhães.
Aspecto geral da bancada do CDS em Plenário durante a intervenção do líder.
Cartaz nas mãos de Telmo Correia.
Aspecto geral da bancada centrista no final da intervenção do líder.
Cartaz nas mãos de João Almeida.
Cartoon sobre o mesmo assunto publicado nos jornais da manhã seguinte.
Extra, extra!!! Um extra que, até ver, é mais um furo do Elevador da Bica! Uma fotografia que testemunha o título deste post: Ribeiro e Castro na bancada do PS.
O contestado (pelo próprio partido) deputado do CDS-PP esteve, em pleno debate do Orçamento Rectificativo, longos minutos sentado na bancada do Grupo Parlamentar do Partido Socialista.
Não se tratou da tentativa de fundação de uma associação de deputados rebeldes que discordam das orientações das direcções partidárias, pois Ribeiro e Castro não se sentou ao lado dos outros deputados rebeldes socialistas, como Isabel Moreira, Pedro Nuno Santos, José Lello, etc, etc, etc. Também não se tratou de uma tentativa de recuperar do PS para o CDS antigos militantes centristas como Basílio Horta.
Ribeiro e Castro esteve sentado no terceiro friso da bancada rosa, tendo ao seu lado esquerdo as deputadas Elza Pais e Gabriela Canavilhas. Ambas foram membros do Governo de José Sócrates: a primeira como Secretária de Estado da Igualdade, a segunda como Ministra da Cultura.
O Elevador da Bica não testemunhou qualquer agitação extraordinária no Plenário com este facto, além da que tem havido ultimamente nas respectivas bancadas, do CDS-PP e do PS.
Paulo Portas perguntava isto numa entrevista antes da campanha eleitoral para justificar a necessidade de ter o CDS no Governo: "O CDS não depende do Estado para a satisfação de clientelas: acredita que o PSD por si só vai fazer alterações significativas nas empresas públicas?"
Sim, o PSD já fez algumas alterações significativas: passou os gestores da CGD de 7 para 11. E que fez o CDS? Nomeou o seu próprio boy para também lá estar representado.
Há mais. Em Janeiro, o CDS pôs a circular um PowerPoint com o vencimento dos gestores públicos. Escândalo! Escândalo! Sim é um escândalo, vale a penar ler aquilo. Os vogais da CGD, como o boy do CDS Nuno Fernandes Thomaz ganhavam entre 450 mil euros e 500 mil euros por ano. O dobro do que ganha todos os anos a chanceler Merkel (220 mil), dizia o CDS. Que diz o CDS agora?
No mínimo, esperamos que o dr. Thomaz anuncie o plafonamento do seu próprio salário: tudo aquilo que receber para além do vencimento anual da sra. Merkel irá para a caridade ou lá o que for e ainda ganha uns trocos. Ou agora e tal os gestores têm de concorrer com o privado e tal, e é preciso ter os melhores e tal e tal...
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